Textos

Fredrich Nietzsche ou Frederico para os mais chegados
Uma pequena digressão. Um breve parágrafo sobre Nietzsche e
uma citação para pensar.

É preciso entender nossa condição de leitura quando lemos um escrito de cunho filosófico. Ler um escrito de filosofia não é como ler uma narrativa, ou uma dissertação.
É ler, na verdade, um pensamento. E essa leitura é diferenciada pela aquosidade sólida do pensar. O pensar, segundo a definição de um grande professor e amigo é: “o fluxo constante de idéias.” Esse fluxo se dá muito mais em aforismos (como no caso a composição da maior parte das obras de Nietzsche) do que em um raciocínio linear e segmentado. Só se consegue a linearidade do pensar quando exteriorizamos ele, quando é o caso de um escrito ou a construção imagética de algo. Porem, fazendo o giro necessário ao inicio desse texto, entendemos nossa condição de leitura filosófica, que é essa aquosidade sólida. E entendemos aqui o pensar como processo primário e abstracional*1 de todos os processos.

Agora falemos um pouco de Nietzsche. Que amado ou odiado, com uma filosofia a marretadas, fez uma investigação profunda sobre a alma humana. Por isso é considerado por muitos como um filosofo polemico, pois a investigação da alma humana nem sempre vai trazer algo fácil de se entender ou aceitar já que estamos tão ligados ao que esta na superfície do homem.

*2 Friedrich Nietzsche (1844 – 1900) é um dos pensadores mais importantes de todos os tempos, um dos filósofos mais estudados nos dias de hoje. Estendeu sua influencia para muito além da filosofia, adentrando a literatura, a poesia e todos os âmbitos das belas-artes. Marcou movimentos que vão do naturalismo alemão ao existencialismo francês, e escritores tão diferentes quanto os irmãos Heinrich e Thomas Mann. Com sua obra aparentemente fragmentária, que adquire unidade e vitalidade orgânica ao manejar o aforismo, Nietzsche mostrou, desde o início, que todo o pensador – todo artista – genuíno tem que conspurcar o próprio ninho.

*3 “Quem olhou profundamente para dentro do mundo, decerto adivinha que sabedoria se encontra no fato de os homens serem superficiais. É o seu instinto conservativo que os instrui a serem ligeiros, levianos e falsos. Aqui e ali é possível encontrar uma adoração passional e exagerada das “formas puras”, tanto entre filósofos como entre artistas: que ninguém duvide do fato de que quem necessita de tal maneira de culto da superfície, teve uma vez, algum dia, uma sorte infeliz sob ela.” (Alem do Bem e do Mal. Pg. 84)


*1 Palavra que me dei a licença poética de inventar.
*2 Trecho do texto de apresentação do livro Além do bem e do mal por Marcelo Backes. Editora L&M Pocket
*3 Pg. 84 Além do bem e do mal. Ed. L&M Pocket

Algumas das principais obras de Nietzsche.
Assim Falava Zaratustra
A Genealogia da Moral
Crepúsculo dos Ídolos
Além do Bem e do Mal
Humano, Demasiado Humano
A Gaia Ciência
O Anticristo
Ecce Homo
Aurora
O Nascimento da Tragédia
O Livro do Filósofo
O Viajante e sua Sombra
O Caso Wagner

Contradições unilaterais.

Aquele que sempre fala o quanto acha falta de educação jogar papel na rua, mas nunca cede seu lugar no ônibus para uma senhora sentar. A pessoa que se torna vegetariana justificando que é errado sacrificar a vida de animais, mas quer que aquele mendigo passando fome em frente a porta do shopping que freqüenta, morra logo para não mais lhe obstruir sua passagem. O misantropo que não consegue deixar de viver na cidade grande, que são obviamente os locais com maior concentração de pessoas.
Aquele que acha pavoroso ouvir alguém proferir um palavrão, justificando que são expressões agressivas, mas mesmo nunca falando algo de baixo calão, age sempre da forma mais violenta, mesmo isso às vezes sendo velado ao senso comum. A pessoa amiga que, de modo muito fácil, faz amizades, mas também é com extrema facilidade que faz de seus amigos seus piores inimigos.

Certa vez um amigo me perguntou por que as pessoas são tão contraditórias. Pois havia percebido isso e não encontrava uma resposta. Após pensar um pouco cheguei há algumas conclusões. Uma delas e que nos não somos unicamente voltados para um lado das coisas, mas que somos mesmos seres paradoxais. O problema é que ficamos conflitantes com isso pelo fato de nosso pensamento ocidental funcionar de forma binária. É sempre bem e mal, luz e trevas, certo e errado, 0 e 1... É assim que vemos, acostumados a separar, enquanto que na verdade, esta tudo isso girando entre e dentro de nos. Por mais que isso pareça nos fazer seres hipócritas, não agimos sempre com base nisso. O que quero dizer é que às vezes nos formamos exatamente pelas nossas contradições, é em muitos casos o choque de nossas oposições que criamos meios de fazer e produzir algo. Há também o fato de que todos esses pólos que damos as coisas foram, todos eles, nós mesmo que inventamos. Por isso essas coisas acabam por ser algo muito mais interno do que externo a nos. Pode-se até refutar esses fatos e separarmos binariamente as coisas, porem fica uma questão: Se estamos sempre a achar um ponto de equilíbrio não é exatamente por que existe pesos, diferentemente iguais, de nos?

Todas essas contradições que escrevi logo acima podem ate parecer apontamentos às hipocrisias, ou critica a hipocrisia. Mas eu apenas cheguei ao limite das contradições e toquei de modo discreto a nossa esfera de hipocrisias. Com o simples objetivo apenas de ser algo para, mais uma vez, nos fazer pensar...

Monstro Tautológico.

“A vida é muito curta e não sabemos até quando vamos ficar aqui, então aproveite e ouça sempre uma boa canção!”

Essa ilustração surgiu por causa dessa frase, mas, o texto surgiu por causa dessa ilustração e por inspiração em uma aula de psicologia na faculdade.

Na semana do inicio do 2° semestre de 2009, na aula, o professor falou sobre pessoas auditivas que são aquelas que têm a capacidade de ouvir, que valorizam uma verbalização fluente e capacidade de dialogar. Bem, seria redundante dizer que todos somos auditivos, pois temos a capacidade de ouvir. E também traríamos à tona a velha máxima de que; “todos ouvem, mas, nem todos têm a capacidade de escutar”. Em certa medida é verdade já que, explicando o que é: escutar é ouvir com atenção. Mas o professor falou um termo que me fez comentar algo. Tautológico. Fiquei pensando nessa palavra, que foi explicada em aula e quer dizer: vicio de linguagem que consiste em dizer, por formas diversas sempre a mesma coisa. Esse termo é usado para descrever, de certo modo, nossa época atual. Na discussão na aula o professor ilustrou como hoje nossos sentidos estão exacerbados. Vemos muito ouvimos muito, mas sentimos pouco. Em meio a isso não pude deixar de fazer um comentário de um pensamento que há algum tempo venho tendo. Por que o silencio incomoda tanto? Esse comentário rendeu uma conversa que foi ate após a aula. Em uma época como a nossa por que o silencio é algo tão pungente? Com essa necessidade exasperada de, o tempo todo, falar deveríamos também saber escutar. Pois, por uma lógica simples aquele que sabe falar muito em contrapartida também sabe escutar muito. Mas não. Não sabemos ouvir, ou a grande maioria não sabe. Estamos constantemente dentro dessa tautologia, e por isso o silencio é tão, permitam-me o termo, incomodante. O silencio ao contrario do obvio diz às vezes muito mais do que o falar ininterrupto. Certa vez fiz uma experiência e fiquei em silencio ao lado de um conhecido. O cidadão ficou em parafuso, o camarada simplesmente não sabia como reagir.
Assim como esse monstrinho nessa ilustração que arrota notas musicais, por diversas vezes arrotamos frases e máximas, inclusive eu não estou livre disso, sem escutar a nos mesmo ou escutar o outro, e quando vem o silencio este parece gritar mais do que a nossa “necessidade” de falar sem parar. Bom só para concluir, penso em outra questão que esta praticamente dentro disto tudo, ou faz parte desse cenário de tautologia. Por que é preciso gritar para se fazer entender?

Vamos pensar um pouco nisto, que às vezes o silencio é algo para se chegar a si mesmo. 
Vamos pensar um pouco no que este monstrinho me disse quando eu o produzia. Que é para de vez em quando ouvirmos uma boa canção.

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